quinta-feira, 11 de novembro de 2010

O RESUMO DA ÓPERA

E ele se arrastou até as cadeiras e se sentou. Não queria mais beber ate cair, não queria mais comer até abrir o botão da calça e nem queria mais beijar o mundo inteiro. Ele nem sabia o que queria. Ou sabia, mas não sabia como. Então olhou pro lado e achou uma mocinha diferente. Era igual sem ser igual e diferente sem ser banal. Ela tinha olhos vivos e um sorriso grande. Mas ela não tinha olhos alucinados e nem um sorriso desesperado. E ela olhou pra ele e eles se deram bem e se acharam divertidos e eles brincaram e daí um gostou do outro. Mas o mesmo ser que criou o número 142.857 criou as baratas com asas. E foi ele mesmo que deixou criarem a penicilina e também deixou criarem o nazismo e a invasão espanhola na America do sul. E por isso, e só por isso, o mocinho e a mocinha arrastaram as suas bagagens e elas eram muito pesadas e dentro dos sacos tinham coisas pontudas e velhas e o saco acabou rasgando e se espalhou por aí. E daí quem tinha mais medo (baratas com asas nazistas) abandonou o barco, deixando o lado mais curioso e feliz (penicilina de doce de café) com o coraçãozinho apertado igual a nó de cadarço molhado. E quem está certo por querer outra pessoa? E quem está errado por não querer que lhe queira? Hoje em dia cada um vive na sua com mais coisas estranhas nas suas bagagens pesadas. Algumas coisas caíram e eles viram que não serviam pra nada. Mas sabe como são essas coisas que caem por aí... Às vezes elas voltam disfarçadas. E não é que elas são boas mesmo nisso? Boas de uma forma cruel como as baratas com asas e cruéis de uma forma boa como os doces de café.

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