sábado, 4 de dezembro de 2010

ENCONTRO

Bom, a história é a seguinte: todos na grande casa morrem, um por um. Claro que eu, Teotônio, sobrevivo. Ao descobrir que todos estão mortos, encontrei senhor Lázaro no jardim dos fundos. Ele me pediu algo que achei muito estranho na hora e continuo achando até agora. Algo que envolvia o ato de um homem cavando buracos e colocando coisas dentro deles. Sim, meus amigos, enterrei todos os corpos. A única razão para estar naquele encontro era que, na verdade, gostava de escrever e de ser chamado de poeta, mas minha verdadeira profissão, a que pagava o pouco que podia das minhas dívidas, era a de coveiro. E finalmente tive minha utilidade naquela noite. Devo alegrá-los ao contar que tudo que era de Lázaro agora é meu. Era pouco o que não haviam roubado, mas só a casa já me deu muito mais de um milhão, sem contar os móveis sobre os quais achei o documento que alegava que tudo aquilo era por direito meu. O “mordomo” me entregou o papel e sumiu no ar. Era o cartão de um advogado que resolveu o resto e que logo em seguida morreu de câncer - segundo os médicos, devido ao seu nojento hábito de fumar. Pensei em escrever um livro contando minha história, mas, pensando melhor, ninguém ia ler mesmo. Livraria é cemitério de livros, e de cemitérios já tive minha porção...

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