terça-feira, 4 de janeiro de 2011

DUAS E TRINTA E OITO

Gosto de contar histórias. Minhas histórias não fazem sentido, não são verdadeiras, e muitas vezes não tenho idéia do que possivelmente possam significar. Um misto de catarrada com espiritismo. Não no sentido de pus e saliva misturados com doutrinas religiosas, claro.

David Lynch escreveu num livro que a criatividade é como um peixe e, curiosamente, apesar de a afirmação vir de quem veio, acho que fez tanto sentido...

Num dia desses, apaixonei-me pela idéia de que se o mundo fosse enfeitiçado pelo período de mil anos com uma magia que fizesse todos os seres humanos cumprirem instintivamente as leis vigentes do território onde estão no momento, existiria uma grande possibilidade de que, após o final do feitiço, o mundo permanecesse em paz e ordem por mais mil anos, fazendo assim com que muitas leis caíssem por terra num mundo civilizado e transbordante de bom senso. Já ouvi tantas vezes, de tantas pessoas diferentes, que tudo de que o mundo precisa é amor quando, na verdade, acredito, do fundo do coração, que tudo de que o mundo precisa são método e procedimento. Isso e criatividade.

Toda vez que despenco num abismo, penso que contar de forma progressiva cria muito mais ansiedade e falta de esperança do que a contagem regressiva. E ao assistir a filmes sobre adolescentes penso se algum dia eu conseguirei terminar Crime e Castigo.

Você já parou para pensar que Deus parou de criar coisas boas? Por exemplo: nunca, desde que nasci, ouvi esta notícia no rádio: “Descoberta uma fruta nova que pode ser usada, entre outras coisas, para curar a AIDS”. Ou ainda: “É sabido que uma nova substância na tabela periódica apareceu recentemente, e com ela não existirão mais crianças com hidrocefalia”.

No entanto, acredito que Deus fique lá na casa dele criando coisas horríveis, como a própria AIDS, que brotou no planeta no começo da década de 80 e não vem de nenhum dos reinos e não provém do consumo exagerado de nenhuma substância ou exposição exagerada a nada ou sei lá o quê.

É o que eu digo: acreditar em Deus é mais deprimente do que acreditar num grande, solitário e vazio sem amor nada.

Basicamente.

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